Pastor Nuno Simões e Pastora Nidia Simões

O SANGUE E A CRUZ

Introdução

 

Ao colocar no coração o propósito de escrever este estudo, pensei nas inúmeras pessoas que precisam descobrir o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e torná-lo a única luz que existe no fim do túnel. Pensei sobre aqueles que procuram respostas nas religiões e filosofias, mas permanecem com dúvidas e incertezas. Refleti, também, naqueles que buscam um verdadeiro e infalível remédio que funcione como fonte de saúde, paz, segurança, libertação, prosperidade, e vida eterna. Raciocinei, meditei e o Espírito Santo respondeu-me com o duplo remédio de Deus: o sangue e a cruz!

O meu propósito é proporcionar aqueles que lerem este estudo, uma intimidade com as verdades escritas no Evangelho e a oportunidade de descobrirem que Ele não é uma coletânea de histórias bonitas, e muito menos a biografia de pessoas ilustres, mas é a revelação do poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Quando o acontecimento da cruz do Calvário chega até cada um de nós, passamos a fazer parte do Evangelho da mesma maneira daquelas pessoas que conviveram com o Senhor Jesus e presenciaram as Suas maravilhas. Passamos a ter também o mesmo privilégio do apóstolo Paulo, o qual afirmou:

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus   para a salvação de todo aquele que crê primeiro do judeu e também do grego.    Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas                              o justo viverá da fé.

Romanos 1.16,17

Desejo de todo coração que você desfrute desse poder e seja transportado para a realidade desta grande justiça divina: Cristo, na cruz por nós!

Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para    que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas  feridas fostes sarados.

1 Pedro 2.24

Tal substituição – Cristo, na cruz por nós – foi necessária porque a humanidade havia errado o alvo (pecar é errar o alvo), e somente um acto sobrenatural da parte de Deus poderia trazer a humanidade de volta ao Seu plano original e reconciliar-nos com o Criador.

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.

Gênesis 1.26

Portanto, foi esse acto sobrenatural que trouxe Deus para os da salvação. Ao fazer-se maldição em nosso lugar, Cristo tornou-se nosso Substituto e pagou todas as nossas dívidas em relação a qualquer tipo de sofrimento. Pagou-as com o próprio sangue. Esse expressivo acto do amor sobrenatural e insubstituível de Deus proporcionou-nos a benção recebida por Abraão. Por causa disso, hoje em dia, cada um de nós tem condição de dizer: “Eu sou uma benção!”

E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção.

Gênesis 12.2

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós recebamos a promessa do Espírito.

Gálatas 3.13,14

Assim sendo, para desfrutarmos a plenitude – o estado completo – das bênçãos a que temos direito, necessitamos do conhecimento e da prática do duplo remédio de Deus: o sangue e a cruz!

O sangue de Cristo está diretamente relacionado com o perdão dos nossos pecados, e a cruz de Cristo, com a nossa libertação, pois liberta-nos daquilo que nos temos tornado. Isso significa que, enquanto o sangue lava e tira os nossos pecados, a cruz crucifica a nossa velha criatura com Cristo. A cruz foi o início da obra de redenção – sermos adquiridos de novo por Deus - , e essa obra redentora foi completa com a ressurreição de Jesus dentre os mortos. Resumindo: o sangue trata dos pecados, e a cruz, do pecador!

Entender e praticar essa revelação é desfrutar a vida abundante prometida por Jesus. É tomar posse das bênçãos sem medidas, as quais os filhos de Deus têm direito. Por isso, espero sinceramente que responda as duas mais importantes perguntas da nossa fé cristã:

  1. O sangue: o que Jesus fez por nós?

  2. A cruz: o que nós somos em Cristo?

Assim sendo, todos encontrarão uma abordagem sólida e precisa acerca do conhecimento de que Jesus é o nosso Substituto na condição de Cristo. Após essa primeira análise, chegaremos ao Sangue e Cruz. Depois, resta-nos o uso da fé bíblica, a prática da Palavra de Deus, para que a obra de redenção seja completada em nós. Com a ressurreição do Senhor Jesus aconteceu também o nosso novo nascimento – e, assim, poderemos gozar dos direitos e privilégios que Ele conquistou para cada um de nós!

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça, sois salvos), e nos ressuscitou  juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus.

Efésios 2.4-6

 

Primeira Parte

ENTENDENDO JESUS COMO O NOSSO SUBSTITUTO

 

Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

Hebreus 2.9

Para compreendermos melhor por que Jesus tornou-se o nosso Substituto e nos proporcionou o duplo remédio de Deus, e usarmos contra todos os tipos de sofrimentos e males, é necessária uma analise dos sacrifícios realizados pelos judeus no Antigo Testamento. Isso porque, antes da vinda de Jesus ao mundo, o povo de Israel havia sido escolhido por Deus para a manifestação exclusiva da sua existência, glória e poder. Era o povo exclusivo de Deus!

Naquela época, o acesso a Deus era feito por intermédio dos sacerdotes, por serem eles os mediadores entre Deus e seu povo. Assim sendo, ofereciam, diariamente, sacrifícios por eles próprios e por todo o povo, os quais eram praticados com dois propósitos essenciais: levar Deus até o povo e levar o povo até Deus.

No primeiro caso, o sacrifício era realizado quando o povo de Israel necessitava de perdão e reconciliação e, no segundo caso, quando o povo queria algum tipo de proteção divina. Observe que o holocausto em busca de perdão e reconciliação era uma base para o que se fazia em busca da proteção divina. Isso acontecia porque a reconciliação com o Altíssimo tornava-se necessária antes de qualquer tipo de pedido a Ele. Foi por isso que o Rei Ezequias ordenou que se fizesse sacrifício pelo pecado de todo Israel antes de qualquer outro tipo de imolação.

 

Então, trouxeram os bodes para o sacrifício pelo pecado, perante o rei e a congregação,  e lhes impuseram as mãos. E os sacerdotes os mataram e, com o seu sangue, fizeram expiação do pecado sobre o altar, para reconciliar a todo o Israel, porque o rei tinha ordenado que se fizesse aquele holocausto e sacrifício pelo pecado por todo Israel.

2 Crônicas 29.23,24

Entretanto, descobrimos que os sacrifícios praticados no Antigo Testamento eram respectivos e imperfeitos, e, por isso, o povo de Israel continuava sempre cometendo os mesmos pecados, errando os mesmos alvos, e tendo os mesmos sofrimentos e problemas. Isso acontecia porque o sangue de animais e a oblação eram substitutos temporários para o verdadeiro e real sacrifício que ocorreria com a morte de Jesus na cruz do Calvário. Na verdade, os holocaustos do povo de Israel eram uma preparação planejada pelo próprio Deus para o sacrifico definitivo de Cristo. Eram uma cópia do original!

Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre

Hebreus 7.26-28

A palavra do juramento mencionada consistia na confirmação das profecias do Antigo Testamento que anunciavam a vinda do Messias, Aquele que seria o nosso Substituto nas dores, enfermidades, maldições e transgressões.

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.

Isaias 53.4,5

Então, com o nascimento de Jesus, toda a providencia divina, a suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas, foi manifestada ao povo de Israel. Foi um acontecimento notável e sobrenatural: após Ele ter sido gerado pelo Espírito de Deus e ter nascido de uma virgem, ainda seria reconhecido em figura humana.

E ela dará a luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvara o seu povo dos seus pecados.

Mateus 1.21

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

João 1.14

Entretanto, o povo de Israel, influenciado pelos sacerdotes dos sacrifícios imperfeitos e repectitivos, rejeitou Jesus como o Messias, seu Substituto. A revelação de Deus por intermédio de Jesus era demasiadamente incompreensível para suas mentes religiosas e representava um perigo para a posição que ocupavam. Por isso, negaram-no e crucifiram-no.

Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores a qual foi posta por cabeça de esquina.

Atos 4.11

Homens de dura cervis e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas.

Atos 7.51,52

            Por saber que seria rejeitado, Jesus intercedeu ao Pai por seus discípulos. Ele preocupava-se com aqueles que haveriam de levar adiante o propósito que o Pai Celestial tinha em revelar-se para toda humanidade por intermédio dele. Jesus orou ao Pai para que fossemos um: nele e no Pai. Essa era a demonstração de que nós também seriamos povo de Deus. A salvação estava prestes a estender-se a todos os que são dele, e Jesus preparava-se para ser nosso Substituto!

Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo guarda em teu nome aqueles que me deste, pra que sejam um, assim como nós.

João 17.9-11

Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim.

João 17.20

            Então, veio a crucificação de Jesus, e, por meio dela, passamos a fazer parte do Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Passamos a fazer parte do Novo Testamento da mesma maneira que Pedro, João, Maria, Tiago, Paulo e tantos outros que viveram essa Verdade e , agora, descansam nos braços do Senhor. Na crucificação, surgiu o duplo remédio de deus: o sangue e a cruz!

Segunda parte

ENTENDENDO QUE O NOSSO SUBSTITUTO É O CRISTO

            Esse é um ponto crucial para a plenitude, estado completo do Evangelho, ser atingido na vida de todos nós. É a base para desfrutarmos do duplo remédio de Deus. Isso acontece quando conseguimos entrar na dimensão espiritual de Deus e viver a crucificação de Jesus como sendo a nossa entrada no Evangelho. A partir de então, tudo começa a mudar em nossa vida.

            Antes da crucificação, Jesus havia-se manifestado aos seus discípulos, ao cego de Jericó, à mulher com fluxo de sangue, ao paralítico de Cafarnaum e a tantos outros como o Filho de Deus em autoridade e poder. Contudo, Ele não queria que revelassem sua condição de Cristo, mas até os próprios demônios confessavam a todo instante essa condição. Isso aconteceu, por exemplo, em Cafarnaum, quando Ele ensinava na sinagoga daquela cidade:

E estava na sinagoga um homem que tinha um espírito de um demônio imundo, e este exclamou em alta voz, dizendo: Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos?Bem sei quem és: o Santo de Deus.

Lucas 4.33,34

            Depois disso, Jesus continuou na cidade e, ao pôr-do-sol, curou os enfermos de várias doenças; e os demônios continuavam a gritar que Ele era o Cristo.

E também de muitos saíam demônios, clamando e dizendo: Tu és o Cristo, o Filho de Deus. E ele, repreendendo-os, não os deixava, pois sabiam que ele era o Cristo.

Lucas 4.41

            Note bem o desespero do diabo e de seus anjos: seriam desmarcados e derrotados com sacrifício de Jesus na cruz!

            A revelação  da Sua condição como Cristo seria tão importante que Ele próprio perguntou aos Seus discípulos o que as pessoas comentavam acerca dele. Os discípulos responderam prontamente o que estavam acostumados a ouvir, apenas repetiram as palavras das outras pessoas, dizendo que Ele seria João Batista, Elias ou qualquer dos profetas. Entretanto, Pedro fez uma revelação importantíssima, na qual o Espírito Santo deixaria bem claro que o nosso Substituto seria o Cristo!

Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Mateus 16.15,16

            Por que Pedro disse Filho do Deus vivo? Simplesmente porque Ele ainda havia de morrer. Ainda aconteceria a revelação divina da crucificação – Deus, em Cristo – o qual levaria os nossos pecados e morreria por nós, por causa do Seu amor e justiça. Ele queria que o momento certo chegasse!

Então, mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.

1 Pedro 1.13

            Por isso, esse tem sido justamente um dos grandes desafios para a Igreja de Cristo: deixar de lado seus rituais e costumes e marchar em direção daqueles que sofrem e padecem. Sinceramente, é muito triste constatarmos que algumas denominações tornaram-se elitizadas, como se fossem um clube fechado e de acesso exclusivo apenas aos sócios. Que grande engano cometem! Todos nós, independente de merecermos ou não, temos direitos adquiridos em Cristo Jesus. A questão é: como podemos usufruir desse direito? A resposta não é fácil. Vejamos: Para usufruirmos o direito que essa maravilhosa e poderosa Graça concede-nos, devemos, primeiramente, analisar o significado espiritual do Nome de Jesus, e sua qualificação divina como Cristo. O Nome  de Jesus significa eu sou o Salvador,  e representa o Nome da pessoa do nosso Senhor, enquanto Cristo significa ungido de Deus e representa o titulo da pessoa do nosso Senhor. Assim sendo, Jesus Cristo significa eu sou o Salvador ungido de Deus.

            É importante também entendermos que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de uma mulher, para que tivesse a mesma sensibilidade de qualquer pessoa, isto é, para que sentisse na carne o mesmo que qualquer pessoa sente. Sendo assim gerado, Ele manifestou-se em poder, reconhecido, dessa forma, em figura humana. Assim, nessa condição, Ele chegou à cruz do Calvário: “Eu sou o Salvador ungido de Deus, reconhecido em figura humana!”

Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.

Filipenses 2.6-8

            E assim, na condição de Salvador ungido de Deus e reconhecido em figura humana, Ele tornou-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Naquele momento, naquela rude cruz, Ele suportava o homicídio do homicida, a prostituição da prostituta, a loucura do louco, o câncer do canceroso e todas as misérias e maldições da humanidade. Por isso, nessa condição de sofredor, Ele clamou ao Pai com um grito que expressava na qualidade de Cristo.

E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli lema sabactâni, isso é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

Mateus 27.46

Terceira parte

O PRIMEIRO REMÉDIO É O SANGUE DE JESUS CRISTO

Mas, agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.

Efésios 2.13

            Na antiga aliança, como já foi explicado anteriormente, os sacrifícios com sangue tinha um significado substitutivo, e, por isso, o derramamento de sangue e a aspersão – acto de espalhá-lo em forma de chuva – eram essenciais para que o povo fosse reconciliado com Deus e voltasse a gozar de plena comunhão com o Criador. Porém, essa reconciliação não acontecia porque o povo não conseguia cumprir a lei.

            Conseqüentemente, as pessoas possuíam um sentimento de culpa que as incomodava constantemente e, assim, sentiam-se sufocadas pelo pecado cometido e não tinham outros recursos que não fossem a humilhação e o sacrifício imperfeito com sangue de animais.

            Um exemplo interessante de não-reconciliação com Deus ocorreu com o rei Davi. Naquela época, o rei tinha poderes tão absolutos que era capaz de decidir o futuro de qualquer pessoa, e somente o profeta poderia dizer algo que contrariasse sua soberana vontade. Mesmo assim, era necessário que esse profeta fosse respeitado como um homem de Deus: caso contrário, ele seria morto ou exilado.

            Em uma certa ocasião, quando Davi encontrava-se no auge de suas inúmeras conquistas, ele cometeu o pecado do adultério com Bate-Seba, mulher de Urias, fiel capitão de seu exercito. Não bastasse isso, o rei Davi ordenou a Urias que se colocasse na frente da batalha para morrer. Ao tornar-se viúva, Bate-Seba seria desposada por Davi e viveria com ele no palácio.

Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela.

2 Samuel 11.4b

E sucedeu que, pela manhã, Davi escreveu uma carta a Joabe e mandou-lha por mão de Urias. Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra.

2 Samuel 11.14,15

            Assim, Davi conseguiu o que queria e, pensando ter escapado da justiça de Deus, levava uma vida normal até receber a visita do profeta Natã, o qual lhe pediu um conselho sobre o que fazer com um homem rico que havia procedido perversamente. O profeta contou a história de Davi.

E o Senhor enviou Natã a Davi; e, entretanto ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas; mas o pobre tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela havia crescido com ele e com seus filhos igualmente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para guisar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre e a preparou para o homem que viera a ele.

2 Samuel 12.1-4

            Então, após ouvir atentamente o profeta Natã, Davi encheu-se de ira e de furor e disse:

Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso.

2 Samuel 12.5

            Então, o profeta respondeu-lhe:

Tu és este homem.

2 Samuel 12.7ª

            O profeta Natã disse que Deus não mataria Davi, mas sim o filho que nasceria da união entre Davi e Bate-Seba. Então, Davi ficou completamente triste e transtornado, e passou a fazer jejuns, a humilhar-se e a pedir perdão sucessivamente a Deus. Ele havia caído em si pelo pecado que cometera e não encontrava consolo espiritual algum; sentia-se envergonhado e culpado.

E buscou Davi a Deus pela criança; e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra.

2 Samuel 12.16

            Davi ficou nessa situação porque não tinha o privilégio de ter um Salvador pessoal como nós temos atualmente. Ninguém havia pagado a divida de Davi em relação ao seu pecado, e, devido a isso, sua consciência o acusava, e seu desespero era terrível.

Não há coisa sã na minha carne, por causa da tua cólera; nem há paz em meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já as minhas iniqüidades ultrapassam a minha cabeça; como carga pesada são demais para as minhas forças. As minhas chagas cheiram mal e estão corruptas, por causa da minha loucura. Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia. Estou fraco e mui quebrantado; tenho rugido por causa do desassossego do meu coração.

Salmo 38.3-6,8

            Ah, como é bom saber que, hoje, para todos aqueles que assumem sua fé em Cristo Jesus, a situação é completamente diferente. Qualquer pessoa (os da salvação)  pode dirigir-se ao Filho de Deus e, com sinceridade de fé, confessar seus pecados tendo assim o perdão pelos erros e culpas. A partir desse momento, o sangue que Ele derramou na cruz do Calvário entra em ação, e, então, acontece o milagre da remissão dos pecados, que quer dizer: o pecado é perdoado e volta a gozar de comunhão com Deus.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.

1 João 1.9

Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efectuado uma eterna redenção.

Hebreus 9.11,12

            O perdão é o primeiro passa da reconciliação. É o efeito do primeiro remédio de Deus. Que maravilhosa notícia! Podemos ter comunhão com Deus. Podemos deixar de carregar o peso da culpa e da incompreensão. O sangue de Cristo lava nossa alma e afasta o fardo do pecado e da constante acusação do diabo. Não precisamos ficar martirizando-nos por causa do pecado que cometemos: temos o sangue que Cristo derramou por nós. Somos livres e, assim, podemos começar a lutar contra qualquer mal que queira destruir nossa vida. Podemos começar o caminho da nossa reconciliação com Deus.

E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou.

Colossenses 1.20,21

            Note bem que a Bíblia diz: pelo sangue da sua cruz. O Espírito Santo quer dizer-nos que apenas o perdão não completa a obra da reconciliação. Para a obra ser completa, faz-se necessária a libertação do pecado. Imagine a seguinte situação: a pessoa peca e pede perdão a Deus. É perdoada, mas volta a praticar o mesmo pecado. No dia seguinte, comete aquele mesmo erro novamente e, outra vez, pede perdão. O que está acontecendo? É simples. Essa pessoa recebe o perdão do pecado, mas não a libertação do mesmo. Isso acontece porque essa pessoa ainda não teve o entendimento espiritual do que representa a cruz que Jesus carregou, e na qual foi crucificado por aquele pecado que atormenta sua vida.

            Era essa a situação que também acontecia na época de Jesus; não havia expressão de misericórdia. O povo era de dura cerviz, e vivia debaixo de uma lei religiosa que julgava, condenava e amaldiçoava. Uma lei tão rigorosa que ninguém conseguia cumprir. Por isso, Jesus, quando exercia seu ministério terreno, ensinava como devia ser praticado o perdão. Ele o fez com uma mulher que fora apanhada em flagrante adultério. A lei dizia que ela deveria ser humilhada e apedrejada; Jesus, no entanto, perdoou-lhe.

 

Endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.

João 8.10,11

            Note bem que Jesus disse: “Vai-te e não peques mais”. Em outras palavras, Ele sabia que a lei era impossível de ser cumprida. Jesus sabia que chegaria o momento em que aquela lei seria substituída pela revelação da Graça de Deus – quando Ele inclina-se pra nós; o Senhor que abomina o pecado, mas ama o pecador. Por isso, Jesus veio fazer o que ninguém havia feito: cumprir a lei, buscar e salvar aqueles que se haviam perdido.

Não cuides que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.

Mateus 5.17

Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

Lucas 19.10

Quarta parte

O SEGUNDO REMÉDIO É A CRUZ DE CRISTO

Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contraria, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.

Colossenses 2.14

            Antes de conhecermos como a obra de reconciliação foi completada por meio da cruz de Cristo, vamos entender como se desenrola a batalha espiritual que esta ao nosso redor e que acontece em três principais estágios: nas regiões celestiais, no ocultismo e na terra. Tal entendimento é necessário para compreendermos como devemos combater o bom combate da fé de forma actuante e eficaz, a fim de evitarmos aquele ciclo: pecar, ser perdoado: pecar, ser perdoado; e sucessivamente.

            Foi por isso que o apóstolo Paulo, sentindo que Deus pedira sua alma em breve, testemunha para o evangelista Timóteo que havia uma coroa guardada para ele. Paulo disse isso porque foi vitorioso no bom combate da fé. Na verdade, provou o duplo remédio de Deus: o sangue e a cruz!

 

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia: e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.              

2 Timóteo 4.7,8

            Essa vitória também está reservada para nós, e, por isso, é importantíssimo o entendimento sobre os três principais estágios da batalha espiritual nos quais estamos envolvidos, e como a cruz consegue exterminar todos os nossos inimigos espirituais e carnais.

           Vamos começar, portanto, pela guerra espiritual nas regiões celestiais.

            Na Grécia antiga, acreditava-se que toda vitoria no campo de batalha era conquista por deuses e não por meros mortais. A expressão grega somente o deus vence, é vencido e vencível ficou célebre com a fama de uma deusa chamada Nike, a qual era retratada em monumentos, e em cuja honra foi construído um pequeno templo na entrada do Partenon. A deusa Nike era uma entra centenas de deuses gregos, e, por isso, quando estava na Grécia, o apóstolo Paulo referiu-se aos atenienses como adoradores de um “deus desconhecido”. Paulo anunciava que o “deus” que eles tanto procuravam tinha, na verdade, um Nome: Jesus Cristo, o Senhor!

E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões ateniense, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que eu vos anuncio.

Atos 17.22,23

            Não se esqueça de que esses deuses de outrora, Nike, Diana, Thor, Afrodite na verdade, são deuses demônios (nossa carne adamica), cujo propósito é matar, roubar e destruir.

O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância

João 10.10

                        Mas quando oramos com fé e determinação, o Senhor Deus ouve a nossa oração, e, ao usarmos o Nome de Jesus, um exercito de anjos entra em prontidão a nosso favor.

Acontece que somos muito mais privilegiados, e não devemos preocupar-nos com essas batalhas espirituais que acontecem nas regiões celestiais, pois, quando Jesus estava cravado naquela rude cruz, Ele esmagou a cabeça de Satanás e ainda o expôs publicamente.

E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.

Colossenses 2.15

            Expor publicamente significa afirmar que a máscara do diabo foi tirada. Ele é um derrotado e não tem nenhuma autoridade ou poder sobre aqueles que crêem e confessam que Jesus Cristo é o Senhor. Satanás pode tentar, mas é um fraco e derrotado!

            Agora que entendemos como Satanás foi derrotado no seu “quartel-general”, podemos entender como ele age nos outros dois estágios intermediários, isto é, no ocultismo e na terra.

            No ocultismo, o inimigo usa as pessoas que cegamente passam a servir-lhe, e, por intermédio delas, consegue atingir e destruir a vida de milhares de outras pessoas. Por isso, cada vez mais surgem seitas e heresias pelo mundo afora, as quais se manifestam desde os rituais mais pesados de magia negra aos mais sofisticados meios de satanização, como, por exemplo, os falsos gurus portadores de “mensagens messiânicas”. O apóstolo Paulo, quando estava na cidade de Éfeso, enfrentou um demônio do ocultismo que usava uma jovem para fazer adivinhações e, conseqüentemente, contaminar muitas outras pessoas naquela cidade. O que Paulo fez? Ao usar o Nome de Jesus, com autoridade e poder, ele reivindicou o que Jesus havia conquistado para aquela jovem, mesmo estando espiritualmente cega e possuída por aquele espírito de adivinhação. Paulo, ao expulsar o demônio, em Nome de Jesus, fez aquela jovem provar diretamente o segundo remédio de Deus: a cruz!

E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em Nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu.

Atos 16.18

            Paulo foi vitorioso naquele combate espiritual, mas uma grande perseguição veio sobre ele e seu companheiro Silas, a ponto de serem presos.

Mas em todas estas coisas somo mais do que vencedores, por aquele que nos amou.

Romanos 8.37

           

            Agora que descobrimos esses três estágios do combate espiritual, não devemos, de maneira alguma, desanimar! Em todos eles, o Senhor Jesus tornou-nos mais que vencedores sobre todas as coisas. Ele disse que nos daria um poderoso e maravilhoso remédio quando fosse crucificado!

 

E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.

João 12.32

            Ser atraído a Cristo Jesus é receber a bênção da justiça divina: a justiça da substituição. Fazendo-se maldito por nós para sua maravilhosa luz. Quando o Espírito Santo abre o nosso entendimento nesse sentido, essa deverá ser nossa confissão. Ao agirmos assim, quebramos o ciclo de pecar e sermos perdoados.

            Quando Recebemos Jesus em nossa vida, passamos a ser especiais para Deus, porque a vitoria que Ele conseguiu na cruz passa a nos acompanhar todos os dias da nossa vida. Esse foi o testamento de fé do apóstolo Paulo, o qual não ficava preocupado com o que falavam ou pensavam sobre ele. O apóstolo simplesmente reivindicava seus direitos adquiridos na sua fé em Cristo Jesus. Por isso, ele venceu prisões, perseguições, maldições e todos os tipos de males. Paulo tinha consciência do segundo remédio de Deus: a cruz!

Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.

Gálatas 6.17

            Assim pode-se dizer que somos preveligiados por pertencer ao mundo da salvação e vitoriosos para sempre.

 

Assim me despeço Pastor Nuno Simóes com a Graça A Paz e as Doces Consolações do Espírito, Amém